domingo, 28 de junho de 2009

23 de novembro de 1999


   Quase literalmente desencavando os arquivos, encontro um registro dos meus primeiros experimentos animados: uma matéria de dez anos atrás, no extinto jornal Tribuna do Ceará. Na ocasião - cursando o 2o. ano do ensino médio -, eu tinha feito os meus primeiros curtas, e o colégio realizou um festival com os trabalhos de vários alunos. Um dia ponho estes trabalhos no YouTube :P
   Como dizem, recordar é viver... :D

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Linhas e Espirais: criando um experimento livre




   Fruto dos estudos e experimentações que tenho feito no campo do cinema de animação, "Linhas e Espirais" é um curta de animação experimental - definitivamente, aliás, o campo que quero seguir. Todo dia me assombro ao pensar nas infinitas possibilidades que existem, tantas técnicas disponíveis, tantos meios para se produzir, tantos campos para explorar, tanto para buscar, tanto para expressar... :)

   Este trabalho, na verdade, não surgiu inicialmente como um curta, no sentido de pensado desde o começo como um projeto a ser realizado (como outros que estou trabalhando, como o "Círculo").  Já há alguns meses tenho feito experimentos com a técnica da "Pintura no Tempo" - assim batizada pelo mestre Norman McLaren  -, que consiste basicamente em se criar uma imagem e modificá-la sucessivamente frame a frame, acrescentando coisas, tirando outras, mas sempre deixando alguma referência ao frame anterior, criando uma continuidade. Isso permite coisas praticamente impossíveis de se fazer em animação tradicional 2D,  onde geralmente cada frame é uma imagem totalmente nova, e por mais que se tente fazer parecida com a anterior, sempre sai diferente.

   O fato é que fiz uma série de testes de animação utilizando este princípio - feitos, por sinal, de forma 100% digital, utilizando uma pequena tablet que recém adquiri e o software Corel Painter (aliás, estou me iniciando na animação 100% digital). Todos foram feitos seguindo um mesmo princípio: testar uma das ferramentas de pintura digital (pastel, tinta à óleo, lápis, guache etc), valorizando o efeito conseguido, e criar visualmente algo não previsto, isto é, sem se saber mesmo para onde estava indo - as linhas, formas e cores que eu faria ditariam o seu próprio caminho. Nada estava predeterminado. Conforme ia animando, ia pensando no que viria a seguir, de forma totalmente livre e espontânea. Este aliás também é um pouco o caminho seguido nas pinturas que tenho realizado.


   De todos os testes que fiz, dois deles foram os meus preferidos - um em que, sobre um fundo preto, um carinha branco se transformou em um ovo e depois em uma forma branca que passeia pelo fundo, deixando seu rastro e, ao bater nas laterais da tela, se multiplica e as formas surgidas então fazem várias evoluções. O outro teste, colorido, mostrava uma linha branca perseguindo uma pequena bolinha vermelha, e diversas "perseguições" aconteciam em vários "ambientes", sempre de forma imprevisível. Mostrei para algumas pessoas próximas, e em particular a opinião do meu irmão Denis Akel e da minha querida Francimone Campos foram cruciais - ambos acharam que estes testes poderiam virar um curta. A princípio achei que não, que não era por aí ainda, mas pensei e pensei, e então... "por que não?"





   Vi então que ainda não tinha em mãos um curta, mas uma parte dele. Tratei então de criar mais imagens, que pudesse colocar em volta dos testes que tinha feito, criando fusões e dando então um ritmo ao material. Depois de umas duas semanas animando - em meio a outros trabalhos - consegui criar material para dois minutos de animação, ou seja, no total tinha cerca de 1400 frames. As novas imagens criadas funcionaram muito bem com as anteriores, e com o material parcialmente editado agora era então chegada a parte da finalização.
   
   Começando pela sonorização, imaginei uma trilha, digamos, 'tribal'. Utilizando dezenas e dezenas de sons de diversos instrumentos primitivos de várias bibliotecas, a trilha foi criada, sempre em cima das imagens, procurando uma sincronia com os movimentos e realmente dando o tom do filme. Esta foi uma das partes mais difíceis, senão a mais difícil. Por mais de uma semana me dediquei nesta sonorização, e poderia mesmo dizer que se assemelha quase ao processo de se construir uma escultura em massa, colocando e retirando pedacinhos e ajustando blocos - tira um decibel aqui, aumenta outro ali, ajusta o fade, reencaixa o outro som, adiciona outro som baixinho ali ao fundo, mais outra batida rápida, enfim, um processo à parte, sem dúvida. O trabalho de som mais complexo que já fiz.

   
   Com o filme quase pronto, pedi à Francimone que criasse para mim as telas de crédito, e foi de fato o que foi feito: com a fonte que ela utilizou e a forma como definiu, o filme nasceu na hora que os créditos se juntaram às imagens. Fiquei muito impressionado, pois eles deram mesmo a cara do filme. Daí só faltou animá-los para a abertura (que pensei em colocar em três idiomas), ajustar outros pequenos detalhes de sincronia e... voilá! Estava pronto. Claro, não há realizador que esteja 100% satisfeito com o resultado final e que não queira mexer em mais nada, mas eu sabia que estava na hora de soltar a mão deste filho e, finalmente, mandá-lo para o mundo.
  
   Terminando de escrever esta postagem percebo as visualizações no YouTube aumentando mais e mais, e tenho recebido muito comentários entusiasmados de amigos, colegas e outras pessoas que assistiram esta pequena criação. Estou muito contente e otimista com o resultado, e tudo isso me dá muito mais força para seguir em frente. No caso, em caráter imediato, continuar e finalizar a produção do "Círculo", que espero concluir nos próximos meses, já aplicando tudo o que aprendi fazendo o "Linhas e Espirais".

    Aos amigos que não viram, segue o link... como não é possível colocar aqui a versão em HD, segue o link do YouTube e peço que, se possível, assistam em HD :)