sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Menção na Filme Cultura!


Tive o prazer de ter sido mencionado na revista Filme Cultura na edição sobre Vanguarda e Inovação, editada e lançada ano passado. Por diversas razões (o clássico "depois eu posto"), acabei demorando para colocar aqui no blog à respeito, mas agora está feito :)
A matéria, que ficou muuuito bacana, sobre o cinema de animação experimental, foi escrita por Marcos Magalhães, que além de animador, diretor do Anima Mundi e pesquisador da área, considero como um dos principais pilares da história do cinema de animação brasileiro. Quando encontrei com Marcos após a publicação da matéria (belamente escrita por sinal), o parabenizei pelo texto e o agradeci pela citação, o que ele respondeu. "Bom, eles me pediram nomes; então, eu citei nomes!". Ter sido citado numa matéria escrita por ele (e ao lado de grandes talentos da animação brasileira e internacional de ontem e de hoje que foram mencionados) é uma honra enorme. Nos ver como parte de um contexto, de um cenário, de uma geração de artistas, saber que nosso trabalho faz parte de algo maior, é no fim uma das coisas mais bacanas, acredito eu, que podem nos acontecer, ou melhor ainda, que podemos nos dar conta. É uma daquelas coisas que só confirmam pra gente que estamos no caminho certo. 
Uma das coisas mais legais da Filme Cultura é que todas as suas edições podem ser baixadas gratuitamente no site da revista. Na imagens abaixo, baixei a edição e tranformei as páginas da matéria que saí em imagens, para postar aqui no blog. Para quem se interessar, aqui tem o link pra baixar a edição integral em formato PDF.
Não vou adiantar mais detalhes da matéria para quem quiser lê-la na íntegra, mas quero deixar claro o quanto gostei particularmente do final, onde Marcos delicadamente - embora sem perder a força - dá uma bom puxão de orelha naqueles que acham que o "mercado" de séries de animação e longas é o melhor caminho hoje para o cinema de animação brasileiro. Numa próxima postagem falo um pouco mais sobre essa que é uma inquietação minha também. Vamos em frente ;)





segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Aquisição Monstra - Poster Wado



Poster do artista alagoano Wado que adquiri, feito pelo grande artista e amigo Jabson Rodrigues, como parte do projeto muito bacana do Coletivo Monstra realizado na Feira da Música de Fortaleza deste ano. A ideia foi insana: eles produziram 44 posteres autorais, um para cada uma das 44 bandas ou artistas que vieram este ano pra Feira. Também participei em parceria com eles no material, fazendo o VT da Feira para TV e internet (o qual falarei numa próxima postagem em breve).
Além da execução incrível do Jabson - que tem um domínio técnico e uma sensibilidade artística que admiro demais - tem algo a mais nessa obra. De todos os posteres este foi o que me pegou direto, na hora em que vi; difícil explicar, mas algo nele fez eu me identificar profundamente. Provavelmente foi a inquietação que transcende a obra e, como disse Denis, meu irmão, encontra lugar por aqui no Akel Estúdio.
E o mais engraçado disso tudo é que não conheço a nada da música do Wado. Pelo menos não ainda. Coisas da vida.. :P



domingo, 19 de agosto de 2012

Saudade

Saudade from Diego Akel on Vimeo.

O curta Saudade foi o resultado da disciplina de Cinema de Animação, que ministrei na última edição do Projeto Educando o Olhar, um curso completo de audiovisual ministrado em escolas da rede pública de Fortaleza. A partir de uma visão da animação como algo mais livre, utilizei a técnica da rotoscopia, em que imagens reais filmadas são transformadas em frames separados e manipulados um a um. O material então é refotografado e vemos o movimento real, adicionado da manipulação manual. Foi um trabalho muito gratificante de fazer, e o resultado foi além das nossas expectativas. Novamente, Sabina Colares - a coordenadora e idealizadora do projeto - produziu, juntamente com Carolinne Vieira e comigo, e tive a assistência valorosa de Josimário Façanha, tanto durante as aulas como na finalização do material.

No vídeo dos bastidores, belamente produzido pela Comunik Filmes, podemos ter uma noção do processo:



As aulas foram muito divertidas, os alunos se empolgaram muito assistindo aos trabalhos de Norman McLaren, Oskar Fischinger e outros mestres da animação experimental. Assistimos ainda diversos trabalhos envolvendo a técnica da rotoscopia e da manipulação de imagens reais em animação. Reconheço que as oficinas que ministro sempre refletem um pouco as minhas inquiatações de cada momento. Quando a Sabina me perguntou sobre a possibilidade de trabalhar esta técnica com os alunos eu me empolguei um bocado, pois realizar um filme assim era - aliás, ainda é - uma das minhas maiores vontades. Poder compartilhar com os alunos essa possibilidade, dividir com eles a feitura de um filme assim seria muito bacana.

Quando assistiamos à referências, durante as aulas, sempre que acabava um filme que eles gostavam (e gostaram de todos), eu provocava perguntando "Qual a história deste filme? Quais os personagens? Sobre o que ele fala?". A impossibilidade de responder estas questões mostra que os trabalhos sem narrativa definida e personagens podem sim, ao contrário do que muitos imaginam, ser interessantes, ricos e empolgantes. Além do mais, era o primeiro contato de jovens (que tinham entre 16 e 18 anos) com um cinema mais abstrato, e não precisaram intelectualizar exageradamente o processo de entedimento - coisa necessária para muita gente que conheço, por sinal. O legal é exatamente ver como eles se identificam e podem usar estes trabalhos como ponto de partida para construir as suas próprias ideias.

Para realizar o filme, como foi mostrado nos bastidores, basicamente, cada aluno gravou cinco segundos em vídeo de algo que, para ele, remetesse à saudade. Alguns formaram grupos, mas todos escolheram o que filmar. Não havia roteiro. Alguns filmaram sem imaginar o que fazer depois, outros já tinham uma ideia precisa de como iriam interferir nas imagens. Após a filmagem, separamos os vídeos de cada aluno. Uma vez decompostos em frames (12 por segundo) e impressos (cabiam seis por página A4), cada aluno recebia os seus cinco segundos - no caso, sessenta frames - e utilizaram canetas hidrográficas, lápis de cor, giz de cera e sobretudo giz pastel para interferir nas cenas. O mais legal de usar o giz pastel é que ele permite que utilizemos cores claras para cobrir massas escuras da imagem original, isolando trechos ou repintando de uma forma bem particular, que associado ao movimento real da imagem dá esse "estranhamento" que é próprio de filmes em rotoscopia. Fizemos um teste onde pegamos uma cena de um aluno (um salto de uma escada) para que todos animassem. Isto tanto foi ótimo para que entendessem o princípio como para acompanharem o processo de captura - montamos uma truca na sala de aula e fotografamos este teste ao vivo, conforme terminavam. Após isso, partimos para o plano final, de cada um.

Para fotografar, tivemos a ideia de preencher o espaço além dos frames com desenhos e textos dos alunos, além dos materiais usados na animação. Nesta etapa fotografamos na truca do NUCA, eu e Josimário animando minimamente a chegada / saída de cada plano e outros pequenos detalhes, cuidando para que o nosso trabalho não se sobrepusesse à animação dos alunos. Após esta parte e o tratamento das imagens, partimos para a edição. Convidamos os editores Gracielly Dias e Vinícius Alves para montar tudo, no que fizeram um trabalho genial. Na trilha, o músico Ednilson Gomes Júnior deu o toque preciso para fecharmos este pequeno trabalho de forma tão delicada.



Semana passada ocorreu o lançamento formaal do filme aqui em Fortaleza, junto com os outros dois trabalhos de conclusão de curso dos alunos do projeto. Foi muito bacana e emocionante estar ali presente. Depois, conversando com alguns dos outros professores do curso, percebi que na verdade nós é que aprendemos com os alunos - aprendemos a sermos livres de novo. Pois, conforme vamos nos desenvolvendo mais, conhecendo mais e produzindo, vamos de certa forma abandonando aquele espírito livre do comecinho, de quando "nada" sabíamos mas tínhamos toda a coragem e disposição do mundo. Aquela "ingenuidade boa", como sempre digo, de quem se empolga com tudo e que vibra a cada nova descoberta. Tudo é novo e incrível, e esse é exatamente o espírito dele, ainda mais vendo o filme concretizado. Gerações anteriores que passaram pela escola se emocionaram na exibição, assim como familiares dos alunos. Umas das coisas mais bacanas que ouvimos é como este trabalho retrata este espírito adolescente, essa fase deles que, ainda que mude, ficou como registro para sempre no filme.

O trabalho já tem circulado por diversos festivais, entre eles a Mostra do Filme Livre e o Anima Mundi 2012. Estará agora em outubro no MUMIA, em Minas. De toda forma o filme está disponível na internet para qualquer pessoa assistir e inclusive baixar, se gostar. Vamos em frente :)

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Anima Mundi 2012: a homenagem surpresa

Anima Mundi 20 Anos - Homenagem dos Animadores Brasileiros from Diego Akel on Vimeo.

A vídeo acima foi o resultado de seis meses de trabalho de mais de quarenta animadores brasileiros, realizado no mais completo sigilo e infiltrado secretamente nos arquivos de exibição do Anima Mundi, para ser exibido na cerimônia de abertura do festival no Rio. Tive a honra de ser um desses quarenta. Tudo foi feito para que a sua exibição então fosse uma total surpresa para os quatro diretores do festival. Contando um pouco da historinha de como essa ideia maluca e (talvez por isso) genial surgiu:

No fim do ano passado, Marão e Arnaldo Galvão, dois dos grandes animadores brasileiros tiveram essa ideia: fazer uma homenagem coletiva para comemorar os vinte anos do Anima Mundi, para ser exibida de surpresa na abertura da edição de 2012. Os dois então fizeram uma pequena curadoria, selecionando nomes que, segundo os critérios que estabeleceram, tiveram relevância na história do festival. Foram então convocados em torno de sessenta animadores, que após confirmações, chegamos a um número de cerca de quarenta. Havia nomes de diversas gerações, estilos e técnicas, de todo o Brasil. A missão era insólita: cada um deveria criar uma animação de três segundos, que ao serem montadas, iriam resultar num filme de uns dois minutos. Todos vibraram com a ideia e se empolgaram para criar seus segmentos. Seguiram-se meses de planejamento, pequenas parcerias (dois animadores poderiam fazer juntos seis segundos, três animadores, nove, e por aí vai) e muitas questões a serem resolvidas. O mais legal de observar, ainda mais agora, olhando a homenagem pronta, é ver esses personagens e momentos tão ímpares da animação brasileira retratados num único vídeo. Cada um retratou seus personagens  - muitos nascidos, exibidos e premiados no festival - ou algo que considerou importante pra homenagem, e o resultado ficou realmente muito impressionante. Quanto mais você conhece da produção nacional mais aproveita do vídeo. Há incontáveis referências, fazendo estes talvez os dois minutos mais ricos do festival.

Mas o melhor de tudo foi a reação dos diretores. Eu mesmo produzia meu trechinho pensando o tempo inteiro (e rindo sozinho, diga-se de passagem) imaginando a cara deles quando vissem. Infelizmente não pude estar presente no dia, mas os amigos que estiveram contaram que, na cerimônia de abertura, Marão subiu ao palco, tomou de assalto o microfone do apresentador e, sob os olhares atônitos dos quatro diretores (segundo o próprio Marão, "uma mistura de surpresa, indignação e receio"), ele anunciou que seria exibida uma homenagem surpresa feita por quarenta animadores brasileiros. Então apagaram-se as luzes e - graças ao Bernardo Mendes, nosso agente duplo que infiltrou a homenagem no HD de exibição guardado às setes chaves - o vídeo foi exibido. Consta que o trecho final da música nem foi escutado, tamanha a vibração de palmas e gritos de todas os 700 convidados presentes que lotavam a sessão. Após isso, os quatro diretores subiram para falar, visivelmente emocionados. Um deles, César Coelho, nem conseguiu terminar a sua fala, de tanta emoção. Até o fim dos festival - Rio e São Paulo - a homenagem foi exibida nas aberturas e encerramentos e em outros momentos, e os diretores sempre nos agradeciam pessoalmente por ela. Como diria um amigo meu, foi "uma surpresa e tanto". E foi mesmo.

Sobre a minha participação, tive a honra de fazer então o que veio a se tornar o segmento final (o número 20 girando surgindo dentro de um bloco de massa), juntamente com meu amigo e animador Josimário Façanha. Escolhi a técnica do Strata Cut - que ainda falarei em detalhes aqui no blog. A escolha foi feita porque, resumindo, foi graças ao festival tive contato direto com o criador da técnica, o norte-americano David Daniels, no Anima Mundi do ano passado. O festival me proporcionou este que foi um gratificante encontro (eu e David ficamos amigos e nos falamos até hoje), então nada mais justo do que retribuir criando um trechinho na técnica. Fizemos o melhor que conseguimos. Breve postarei um vídeo dos bastidores do meu segmento e esmiuçarei o processo de criação. E vamos em frente! :)




terça-feira, 7 de agosto de 2012

Anima Mundi 2012!


Acabo de chegar de uma maratona de três semanas viajando, período no qual fui para as edições Rio e São Paulo do Anima Mundi - Festival Internacional de Animação do Brasil, que este ano completou vinte anos de existência. Foi uma experiência memorável. Sempre quis acompanhar as duas edições, e este ano finalmente deu certo. A energia que vibrou nestes dias, os amigos de longa data revistos, os novos amigos feitos, os filmes assistidos, os contatos com os convidados internacionais, os passeios pelas cidades, as surpresas (as gratas e as nem tanto), tudo foi mágico a ponto de só caber em várias postagens, que farei aqui na sequência. Na verdade, só mesmo estando lá pra sentir essa pulsação criativa e humana tão inspiradora, mas espero poder deixar aqui pequenos registros desta que foi uma das viagens mais memoráveis que já fiz.
Sem esquecer ainda que, de quebra, após o Anima Mundi ainda fui para São Carlos, acompanhar a Mostra Quadro a Quadro, simpático e acolhedor evento de animação que em sua primeira edição já foi muito bacana! Nas próximas postagens então, detalharei um pouco destes 21 dias animadíssimos que tive a oportunidade de vivenciar. :D